Uma antiga lenda, com variantes, de cunho muito corrente na região, explica que a imagem de São Martinho apareceu no local, sobre uma oliveira, mas a população da aldeia vizinha levara-a consigo. Como a imagem voltasse a manifestar-se no mesmo local, os habitantes ergueram-lhe uma ermida exactamente no sítio onde teimava em regressar.Segundo outra versão, antes da construção da igreja, a população ergira um nicho (ainda existente junto à igreja) onde colocaram a imagem de São Martinho.. Porém, segundo a lenda, os habitantes da Aldeia das Amoreiras levaram várias vezes a imagem, trocando-a por a de São Bento, porque queriam fazer a sua própria igreja, dedicada a São Martinho.
Nestas andanças do santo, os moradores da Aldeia das Amoreiras traziam a imagem de São Bento, que deixavam no "ferragialinho de São Bento", nas proximidades de São Martinho. A questão acabou por se decidir em favor do ponto onde foi efectivamente construída a igreja, contentando-se os habitantes da aldeia das Amoreiras com uma capela da invocação de São Bento.
Ao que tudo indica, estamos perante uma muito comum situação de pré-existência de um sítio com forte carga sagrada, que "forçou" a construção da ermida num local que nem todos desejavam. Note-se a referência à oliveira, que poderá representar o culto pagão da árvores sagradas (dendrolataria) , cujo combate, e o Paganismo em geral, a própria lenda de São Martinho está ligada. Haverá também uma situação de oposição de duas comunidades, que terão disputado a primazia da construção da igreja-presumivelmente Cunqueiros e Aldeia das Amoreiras-, presente nos próprios termos da lenda e nos dois santos.
Texto do Historiador António Martins Quaresma (cedido ao autor deste blog).
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